Eduardo Guimarães

quinta-feira, março 16, 2006

Ode ao Sertanejo


Vim do Sertão, sim, seu moço,
Pra mor deste esculacho de terra de concreto,
Passei por tudo quanto foi diabo,
Fome, lama, poeira, pau-de-arara, eu lhe confesso.

Deixei seis filho cuidando do roçado,
Que é pra quando eu chegar com o dinheiro,
Também quem sabe com os miolo afortunado,
A gente pegar mió no arado!

Deixei lá também a Zefa, mãe dos meus fio,
Esposa varonil, quase mando ela pra puta que pariu,
Porque aqui neste xibiu,
Tem muita puta pra zelar por nosso Brasil!

Mais num fiz isso não, seu moço,
Adultério é pecado, e eu sô católico, sim senhor!
Guardo a fé dos brabo no meu coração,
Com ela eu carrego os tijolo lá da construção!

E quando eu drumo neste muquifo, quase sem cerrar os óio direito,
Eu penso na minha terra, na terra seca que muito longe eu deixei.
Penso na lua viva que só lá é que se pode vê,
Aurora boreal ninhuma nesse mundo há de ela vencê!

Porque lá, apesar da seca, da fome, da miséria,
Tem um ar especial, que só quem foi é quem sabe!
E um povo acolhedor, sábio e valente,
Que há de perdoar os corrupto e também os que se dizem crente!

E Deus sabe quando vô poder voltar,
Lá pro meu Sertão, o inspirador do Luiz Gonzaga,
Das pedra, da cruz e da espada,
E é com muita luta que ainda estouro lá uma boiada!

Valhei-me, Deus, Padim Pade Cícero,
Olhem pra este mísero sertanejo que Vos fala!
Atendam ao pedido intranqüilo, mais inviolado,Façam que eu volte pra minha terra amada!