Eduardo Guimarães

terça-feira, julho 04, 2006

A Serenidade

Que seria a serenidade, assente ao trono real,
Senão a própria sabedoria encampada nas rugas,
Terríveis, despóticas, dobradiças e desencantadas,
Do rosto encolhido e turvo de quem, impiedosamente,
Ultrapassou, utilizando-se da nau ferrenha e absoluta,
As ondas ferozes e retilíneas do mar da vida?

Traz a ti esta serenidade o ardor do abrir dos olhos,
Cujas pálpebras aliviaram a tensão provocada,
Pelo fulgor estonteante dos raios de sol?

Está a serenidade reinante, tal como a um deus de pagãos,
Numa cadeira velha, encurvada e vacilante,
Cujas pernas confundem-se com as do seu senhor,
Cujo balançar contínuo e melancólico,
Acalenta as lágrimas perdidas dos olhos,
Dispostos a fechar-se por completo?

Revela a ti mesmo a necessidade de manter-te,
Sob o brilho da luz perversa do tempo,
E procura nesta obra o teu próprio passatempo.

A serenidade surge aparentando honradez e reflexão,
Ou esconde a sua verdadeira face monstruosa,
Nas profundezas dos sulcos do rosto anfitrião?
Espera ela com a calma de quem se põe prostrado,
Diante do espelho vital, repassado e malgrado,
Através do qual se vê o espectro distorcido e resguardado?

Desvenda os mistérios dessa deusa dos mártires incólumes,
Heróis desbravadores, a labutar com a serenidade permanente,
Obtida graças às volições prolongadas e valentes!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

VOOOOLLLLLTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Ò_Ó

11:06 PM, maio 27, 2007  

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