Certa vez eu estava conversando com minha irmã acerca de umas coisas, e acabamos parando em algo relacionado à existência do destino. Ela disse que acredita nele perfeitamente... Por exemplo: um cara pega a moto e pilota numa estrada, na qual um raio acerta uma árvore que, por sua vez, cai por cima da moto matando o cara... Isso, para ela, não seria obra da coincidencia... Algo "pre-determinado" estaria conspirando para que aquele fato surgisse na natureza. Ou seja, estaríamos mais vivenciando uma análise meta-factual dos trâmites deterministas de um Ratzel da vida, do que a expressão evolucionista de La Blache. Só que aí não seria a natureza atuante nos cânones dos fatos mundanos, o que acabaria por afetar os seres pensantes, e muito além deles mesmos. Afetar-se-ia a tudo e a "todos". Eu me referi mais na hipótese do livre-arbítrio, para explicar coisas assim... Tipo, aquele livre-arbítrio estampado na Bíblia, ou no ir-e-vir do ser humano, este tão escoimado como figura garantidora do direito à liberdade, à potencialidade do "poder-fazer", em diversas Constituições, estas provenientes tanto do civil law como do common law. Mas o relatar-se da Bíblia com a lei dos homens é fora de questão, tendo em vista a proveniência das atitudes. Não é esse o âmbito do assunto em tela (deixemos de lado os conflitos dos céticos, agnósticos, religiosos, etc. e apuremos os fatos isoladamente).
Explicando em linhas amenas, ter-se-ia a seguinte questão: 1) De um lado, ver-se-ia nos fatos da vida, esta em seu aspecto mais lato possível, do nascimento à morte dos seres e coisas, uma forma espiralada, mas com pontos de intersecção. Uma "espiral de intersecção", algo assim: OOOO-OOOO-OOOO Finja-se que as bolas são espirais, e que continuam no seu movimento circular uniforme. Elas representariam tudo o que um ser humano (ater-me-ei a ele) faz desde o nascimento à morte. E que seriam os traços? Seriam o momentum, ou seja, a modificação da espiral. Pegue-se o exemplo de antes. O cara pilota a moto e a árvore cai em cima dele, numa possibilidade quase absurda, em que se encontram tempo, espaço, tudo. A árvore, neste caso, seria um ponto, entre as espirais. E como as espirais continuariam? Numa possível volta do ser, para quem nela acredita (eu acredito). Ou seja, um destino nos guiaria, segundo a teoria em tela. Em minhas palavras, seríamos atores. A diferença é que não conhecemos o "script", daí não podermos prever o momentum, a hora em que um ponto surge, para mudar a rotina das espirais. O ponto faz com que uma espiral se superponha a outra. Não está muito claro? Compreendo. São linhas árduas. Vamos à prática: sujeito sai, como qualquer outro fim de semana, pra curtir uma danceteria à noite. Tem-se uma briga entre dois sujeitos, e o tiro do revólver acerta o nosso rapaz do início da história. Pois bem, para essa teoria, ali era a hora dele. O que tem de ser, tem de ser, é o destino, não se pode escapar. Estava no script. A bala foi o momentum, o ponto que põe fim a uma sequência espiralada. Outrossim, ponha-se aqui aquela máxime: "aqui se faz, aqui se paga"; ou: "você é responsável pelo seus atos"; ou ainda: "colhe-se o que se planta". Essas frases seriam a condição da espiral estar em seu contínuo movimento circular uniforme. Ou seja, o que o ponto faz nada mais é do que parar a sequência de espiral e fazer com que ela retorne ao ponto anterior, ainda que seja sob aspectos irrelevantes diferentes. Resumindo, estamos à mercê do destino. 2) Para a outra teoria, a qual eu creio ser a com conteúdo mais justo (porém, minha opinião pouco importa!), a vida seria assim: _____-------- O que diabos se quer dizer com isso? Quer-se dizer que o homem faz o seu destino, e se certos fortuitos lhe ocorrem é por causa do meio em questão no qual ele encontra-se inserto, arrisca-se nele, tira dele a sua essência e a sua actio. Assim, por essa teoria, e utilizando-se novamente do exemplo do cara da moto, ele sofreu o acidente não porque já estava escrito (maktub!) para que aquilo ocorresse, mas sim por causa do meio que atua sobre ele... Na certa, ele estava indo a um certo lugar, determinado a ir, e algo o impediu (a coisa lá do "risco do meio"). Aqui, agarra-se mais a finalidade, não a condição. Ou seja, o homem seria dono do seu próprio destino, fazendo dele o que bem entender, dirigindo suas ações e colhendo as intempéries. O livre-arbítrio aqui aparece em valor imensurável. A vida não seria volta a um estado retro, mas a perpetuação dos estados evolutivos. Começa-se num lugar e pode-se alcançar outro. E aqui, uma questão: se fôssemos mesmo atores, atuando num palco invisível, cuja platéia fôssemos nós mesmos, por que precisaríamos de um direito regulando as nossas vontades, limitando-a? Para quê serviria o auto-controle, já que faríamos o que estaria escrito, apesar de não sabermos o final? É, então o medo de mudá-lo? E aí já não entraria o possibilismo? Deixe-se levar para onde mais o atraia... Não cabe a mim dizer qual é a certa ou a errada, apesar de eu me inclinar para a segunda.
Para aumentar a minha dúvida, mostrarei um exemplo da teoria das espirais. A propósito, deixe-se de lado quaisquer investidas sobre planos superiores, ou fatos criadores... Com relação a eles, ninguém tem a inteligência suficiente para entendê-los.
Vamos pegar algo atual. O mundo ama futebol. Ao menos, é o esporte mais praticado do planeta. Não estou aqui para discutir sobre futebol, ele será bem-vindo apenas devido aos acontecimentos que fez surgir, em um aspecto temporal. Imaginemos uma linha, então. ____________________________________________________________________
Essa linha começa no ano de 1950 e segue até o ano de 2014. Quem é bom de assunto futebolístico, sabe que o Uruguai foi campeão em 1950. Após, veio a Copa de 1954 e, depois, a de 1958. Epa! Brasileiros na fita! Brasil ganhou da Suécia nesse ano, na final. Primeira taça. Após, vem 1962, no Chile. Brasil de novo! 1966, Inglaterra campeã; 1970, Brasil; 1974, Alemanha; 1978, Argentina; e, o ano central, 1982, a Itália. Marquemos esse ano - 1982. Por que o ano central? Na nossa linha formada, de 4 em 4 anos, numa P.A. forçada, com r=4, 1982 entra como o "ano do meio". Dá pra entender, né? Simples questão matemática. Continuando: 1986, deu Argentina; 1990, Alemanha; 1994, Brasil; 1998, França; e, finalmente, 2002 deu Brasil. Certo, fez-se isso tudo, e bem, pra quê? Calma, criatura! Vamos ver! Antes de sacanear, ou me achar babaca, lembre-se dos momentuns. Pois bem. Veja a sequência de 1958 a 1962: Brasil - Brasil - Inglaterra - Brasil - Alemanha - Argentina. Isso é uma espiral. Ela está ocorrendo. Pode-se ver pontos, mas não tão nítidos. 1982, Itália. Agora, veja-se de novo, de 1986 a 2002: Arg - Ale - Br - Fra - Br. Ponham-se essas duas sequências como 2 espirais, e o ano de 1982 como um momentum. A espiral retorna! Fica assim: Br-Br-Ing-Br-Ale-Arg-Ita-Arg-Ale-Br-Fr-Br-?(2006). 1 mudança apenas, entre Inglaterra e França, mas as quais ocupam o mesmo locus. Potências européias sem um quadro antecessor, rivais históricas. Pois bem. Antes e após o nome Ita, têm-se duas espirais, ainda que uma seja, praticamente, o espelho da outra. Ita corresponde ao número 1982 (o ano). Antes e após dele, têm-se duas espirais - surge o numero "2". 1982 x 2 = 3964. Observe a subtração: 3964 - 2006 = 1958. Quem foi campeão em 1958? O Brasil. Logo, 2006 leva ao locus da espiral correspondente ao Brasil em 1958, o que quer dizer, para quem é adepto da teoria, que a espiral seguirá a sua forma. Ou seja, fácil é compreender que o Brasil será campeão em 2006.
É estranho. Vêem-se que os números batem, com a interferência de certos pontos obscuros. Tal não é um ritual cabalístico, muito menos a forma de uma sabedoria universal. Longe disso! É o factum, somente. Eu não peço, aqui, que alguém acredite nisso! Quem sou eu para pregar a verdade? Oh! Nem Jesus, na maior causa de todas, foi ouvido em sua época! Quanto mais uma teoria como essa... Mas qual é o propósito de mostrar esse lado? Para, simplesmente, nos atermos a ele, num aspecto crítico. Isso mais parece babaquice de criança, que descobriu uma fonte matemática! Bom, eu não sei, pode ser, pode não ser! Sei que, como o Universo é tão vasto, e inconcebível mentalmente (ao menos, por enquanto), tal faz com que eu, antes de jogar água fervendo nas coisas, as analise. Eu ainda continuo com o lado de que podemos mudar nosso destino... com o livre-arbítrio positivo e operante, apesar de a necessidade de algumas limitações perante nós mesmos. O mergulho no cosmos e no nosso próprio interior não pode ser feito se utilizando de um exemplo desses... Há algo profundo e inimaginável, só concebível na força do acreditar. Isso, sim, é um verdadeiro poder!
"E, no sétimo dia, ele descansou". - Gên.
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Só se não tiver desistido. Vou começar a encher...
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